Uma flor no jardim

Plantaste com subtileza no meu ajardinado e verdejante coração

Entregue à frescura e leveza da Primavera pujante em floração

Mais uma semente em terreno arado com a brisa leve da paixão

Que germinou na Natureza do passado e agora bebe sôfregamente dessa ilusão

Ergueu seu cálice colorido e viçoso para um sol que se escondeu e não brilhou

Sorriu docemente para o céu caprichoso e nem sequer orvalhou

Pediu ao leito do rio água para a raiz em abundância mas o trajecto não era favorável

E o peito outrora tão feliz na sua inconstância e solidão era agora carente de afecto e vulnerável

Ó flor perdida, no teu campo debruado de lilazes e tons violetas

Salpicado de vivazes em cada recanto do amor de fugazes letras de Poetas

Não te iludas com o encanto reluzente e perfume inebriante da Estação

Hoje está quente mas as mudas do tempo já as sinto em ondas de vibração

Ó flor perdida,entrega esse teu amor entristecido a quem te dá alimento

A quem com o teu odor e magia até dança ao vento

À borboleta que farfalha os amores e rodopia em ti enlouquecida

Aquela que te prova dia a dia que és das flores a mais bela e a escolhida

Luísa Rafael

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Porto, Portugal