#lucindanelremar NAVEGANDO EM DEVANEIOS...

 

 

Oh paixão! Oh amor! No tempo que se fez real, numa tarde -noite magistral...

Um pedaço da vida que se fez cheia de sol e de cor prateada como se a lua tivesse envolvido a terra com sua cor ao entardecer...

Oh paixão do tempo de hoje com gosto de juventude que partiu num tempo distante, onde as cores e as alegrias eram mais berrantes...

Oh amor que sangra dentro do peito com vontade de chegar a algum lugar de estrelas cadentes, onde o universo conspira numa luz trêmula vinda de algum lugar que não se sabe de onde,,,,

Um amor paixão nascido em um tempo de outono, onde as folhas e flores caem, fim de uma estação e início de outra... Um perfume de sonhos guardados em gavetas envelhecidas mas possíveis de serem limpas e cheias de recordações amareladas num papel invisível...

Parece que o amor é um solitário velho que à beira de um rio, lembra com saudades do tempo em que pescava tantos peixes, onde crianças brincavam e lavadeiras cantavam limpando suas roupas e de seus queridos ...

Oh paixão, oh amor! Num tempo em que a verdade do corpo é um, e a realidade da alma outra...

Parece que a vida é um imenso guarda roupa onde tem tantas roupas e coisas guardadas, enroladas, arrumadas para qualquer hora serem usadas... Mas, esse dia , nunca chegava...

E assim, o tempo passou... Tudo envelheceu... Quantas vezes, foram olhadas, revisitadas e estiveram ao ponto de serem descartadas... No entanto, ah o apego... Não, quem sabe, deixar mais um pouco... tão bonito, tão isso, tão aquilo! ... E a verdade é que a vontade de se desfazer não era tão grande assim... De vez em quando, retiradas do guarda roupa e lavadas, passadas, ou dependendo, só manuseadas como relíquias de um tempo que se foi...

Assim, é o amor solitário, o amor romanticamente guardado, sentido, imaginado, re-paginado... Novos momentos cheios de suspiros, de saudades do que foi projetado, do que nunca chegou a ser vivido, mas na mente, quantas coisas aconteceram, quantas histórias, quantos cenários, quantos abraços e beijos dados, em olhos sonhadores fechados, ah saudades do que nunca aconteceu! Do que podia ter dito, ouvido!

Um amor escrito, cheio de pontos de interrogação e de tão loucos e insanos de exclamação! Ah vontade de banhar no rio da memória e tornar tudo uma vida real... Talvez, quem sabe, numa próxima estação... Mas, está no outono...As folhas do tempo em nós se espalham no vento do que há de vir ... O amor é semente de outros momentos que poderão abrir portas de alegrias mesmo que não sejam aquelas divididas com o ser amado,visto ele estar acolhido ou acolhendo outros braços... Porém, sempre há motivos de sentir em si a alegria de se sentir viva!

Raimunda Lucinda Martins