Talismãs
Não profanemos as tribos isoladas,
primitivas como sejam. Fora!
com a assimilação forçada,
mesmo das Testemunhas de Jeová.
São como talismãs do homem,
tesouros antropológicos.
A caça de uma espécie humana ameaçada:
eis um presságio sinistro de azar!
Ai de nós! quando tal estigma ressurge
no corpo lacerado da humanidade;
Ai! quando emergem os mortos do Tártaro e,
famintos de carne humana, inundam
a dialética racional da história.
(poderemos arcar com tão grande crime?...
olha bem! o carrasco não tarda a te achar!...
e toda fibra que dá testemunho do homem)
Pois o impacto da lágrima na areia do deserto
(no ponto cego do Big Brother); a dúvida
infusa no olhar dos pequeninos (que murcham
na incerteza do amanhã) – pesa
sobre nossas moleiras, mais (!)
que o drama da ararinha azul. (que digo eu?
falha-me a proporção) – mais (!)
que o expurgo vermelho das baleias.
Porque a propagação anônima no ar
de ondas e ondas de arquejos inauditos
eventos terríveis desata, como não faz
o mesmo ruflar de asas da airosa borboleta azul
que assiste o lento martírio
das florestas da América do Sul.