Talismãs

Não profanemos as tribos isoladas,

primitivas como sejam. Fora!

com a assimilação forçada,

mesmo das Testemunhas de Jeová.

São como talismãs do homem,

tesouros antropológicos.

A caça de uma espécie humana ameaçada:

eis um presságio sinistro de azar!

Ai de nós! quando tal estigma ressurge

no corpo lacerado da humanidade;

Ai! quando emergem os mortos do Tártaro e,

famintos de carne humana, inundam

a dialética racional da história.

(poderemos arcar com tão grande crime?...

olha bem! o carrasco não tarda a te achar!...

e toda fibra que dá testemunho do homem)

Pois o impacto da lágrima na areia do deserto

(no ponto cego do Big Brother); a dúvida

infusa no olhar dos pequeninos (que murcham

na incerteza do amanhã) – pesa

sobre nossas moleiras, mais (!)

que o drama da ararinha azul. (que digo eu?

falha-me a proporção) – mais (!)

que o expurgo vermelho das baleias.

Porque a propagação anônima no ar

de ondas e ondas de arquejos inauditos

eventos terríveis desata, como não faz

o mesmo ruflar de asas da airosa borboleta azul

que assiste o lento martírio

das florestas da América do Sul.

J C B Camerini
Enviado por J C B Camerini em 05/12/2022
Reeditado em 20/01/2023
Código do texto: T7664753
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