ESCONDEDOUROS
Para onde vão meus sonhos censurados
por dentro de mim amaldiçoados?
Em que lugares se escondem
meus desejos mais profanos
meus anseios tão mundanos
minhas volúpias escandalosas
que minha mãe teria desaprovado?
Por quais escaninhos encontro
esse meu Joaquim refutado
quase morto e tamponado
e em mim sem jazigo sepultado?
Quantas tantas portas terei que fechar
para me manter cativo e encarcerado
ausente dos espelhos no fazer das barbas?
Como irei saber aqui de mim
se tudo faço para me esquecer
desse outro lado desautorizado
que é guardado a sete chaves
no fundo interior do último armário?
E se deste meu eu de mim o mundo não souber
tomar conhecimento nem com ele se relacionar
então posso ficar tranquilo, calmo e sossegado
pois logo em breve serei louvado e beatificado