PEQUENO POEMA DOMINICAL
Roubei do domingo o tédio
e embriagado de monotonia
afundei-me no sofá
vendo o teto passar
sob o céu branco do meu dia
Invadido então de nostalgia
volto a sentir os nervos da saudade
latejando em mim como uma neuralgia
Os domingos de ontem eram vistosos
vestidos de meninice e magia
e enquanto meu menino brinca
hoje vadio pelas sinapses da memória
atravessando a ponte do tempo
como em Recife atravesso rios
Flutuo assim entre os intervalos
das nuvens porosas das lembranças
que nem um pássaro voejante
em busca de ao seu ninho regressar
Toda vez que viajo aos sítios
e aos cantos e vilarejos dos meus interiores
é como se em mim eu me tornasse
um imenso e demasiado domingo