A Redenção
A redenção
A terra no princípio,
era informe e vazia,
por aqui nada existia
quando tudo foi criado.
Foi dada a largada;
venha a luz aparecer,
separe o dia e a noite
e o mundo veio a ser.
No céu a revoada
no mar o cardume
na terra plantas e animais
assim o mundo se resume.
Do pó o homem saiu,
do homem brotou a flor;
no jardim a união se viu
brotando o ingênuo amor.
Divirtam-se,
brinquem,
se alimentem de tudo
o que o jardim tem a oferecer,
apenas da árvore central
estais proibidos de comer.
Passeando pelo campo
Ouviu-se um psiu,
uma voz mansa e sedutora
do arbusto então surgiu.
Uma figura bela e de bom papo...
— Não se assuste porque falo,
Cara bela de parecer,
tens à frente o suculento,
o que te impede apetecer?
— Hum! Parece apetitosa
Mas é fruto proibido;
Não se pode nem tocar
quem ousar será banido.
— Por que privar-se
do chamativo desejo,
de se libertar da cadeia do medo
pra conhecer o profundo
que bem lá no fundo encontra-se preso?
Com olhar penetrante
consegue o que quer,
o bicho pedante
torna errante
o coração da passiva mulher.
Com uma bocada
abriu-se o portal,
de dentro pra fora foi contaminada
deu-se a partida à longa jornada
homem e mulher rumo ao bem e ao mal.
Cometida a infração,
Agora, o que fazer?
A nudez se descobriu
O jeito é se esconder.
Na viração do dia
Uma voz no alto sussurrou:
— Homem! Onde estás?
— Aqui, escondido estou.
Expulso do ventre materno
outra terra teria de lavrar,
embaixo do sol escaldante
em tom suplicante
o suor gotejar.
Castigo era certo de vir...
ao homem o suor derramar,
a mulher com dores parir
e a víbora do pó se alimentar.
Por esta infâmia,
a humanidade foi vituperada,
do Criador, se viu separada
e a solução, por Ele foi dada;
assim como trouxe no início à luz,
enviaria Seu Filho Jesus
que pra resgatar o dito infrator
morreria na cruz qual malfeitor.
No alto da cruz
o veredito foi dado:
— Pai, receba meu espírito,
está consumado...
por esse grande e tão nobre ato
o homem perdido foi perdoado
e o nome de Deus, glorificado.