INCANDESCENTES
Tenho tanto perdão a pedir por essas dívidas
acumuladas nos vulcões enfumaçados (ativas
e prontas à erupção, a fim de derreter em mim
o titânio do egoísmo, a amálgama da mentira,
a ferrugem preta do umbigo e a vértebra puída
da espinha dopada, uma que sempre me servia).
Devo aos vivos, e muito mais aos que partiram,
pois eles insistem, entre a penumbra da esquina
e a da sombra ocre do poste quase amarelecida,
que eu liste, um a um, e publicamente maldiga,
todos os meus pecados (os oriundos da língua
e desta encarnação ansiosa, e ao mal oferecida).
Às três, fico de joelhos à beira da cama e grito…
Mas onde estão vocês que não me dão ouvidos?