MEU CORPO E O TEMPO
Eu, sempre tão indefeso aos pés da tua fúria
Sinto tua brisa dilacerante sobre meu corpo
Mais trezentos e sessenta e cinco dias de injúrias
O novo torna-se velho e o velho torna-se novo
Eu, que por tantas vezes acelero nossa simbiose
E fraquejo sempre ao notar tua sutil chegada
Mais trezentos e sessenta e cinco dias em transe
Uma luz que acende e uma outra que se apaga
E eu, decerto do fim de minhas auroras
Recebo-te aberto de braços e mente
Pois nada me resta senão o contento
E eu sei que, no fim da minha história
Sou como uma folha solitária, tão somente
A bailar no soprar dos teus ventos
23/11/2022