Meu nome é PEC do Estouro de Gastos

Valdir Loureiro

Meu P é de Presidente,

Meu E é de Explosão,

Meu C é de Combustão,

Porque eu sou máquina quente.

Passando por contingente,

Sou PEC da transição.

Sou a PEC perdulária

Em matéria monetária

Sem limite do cartão.

O meu nome agora é PEC.

O Gasto vai ser meu guia.

Sou PEC da anarquia.

Só não sou PEC do IPEC.

Sou PEC da pescaria.

Dando esmola em Brasília,

PEC da bolsa família.

PEC da Democracia

Só tem os perfis que eu seja.

Sendo PEC da cerveja,

Vou ser PEC da picanha.

Sou PEC do perde-e-ganha,

Contanto que seja eu

A reinar no apogeu

E outro sofra e, por mim, peque.

PEC do pé-de-moleque,

Também sou na minha mesa

legislativa, mas presa

Ao valor que eu indicar.

Proposta que eu emendar

Vai ser a PEC da emenda

Para que eu sempre defenda

Meu direito de gastar

Dinheiro a preço de ouro.

E eu sou a PEC do estouro

Com minas para explorar.

Não me importa se estourar

Bolsa e a boca do balão.

Na hora da refeição,

Sou a PEC do bifê.

Agora veja você

Se eu preciso trabalhar!

Eu vivo para aprovar

Banco e PEC demodê.

Sou também PEC do toque,

Fazendo gasto a galope.

Do Leviatã, sou bebê.

APÊNDICE

O meu proceder não presta,

Mas vou fazer essa festa,

Que a população é honesta

E vai pagar todo embalo.

Andei a pé lá por fora

De um governo, mas agora

Tenho onze pares de espora...

Só falta besta e badalo.

ADVERTÊNCIA

Porém é bom que eu lhe diga

Que "ninguém faça e nem siga

O meu exemplo mostrado"

De um presidente estourado

Que nunca encheu a barriga

E deixa um país quebrado.

Não queira entrar nessa briga!

ANEXO:

ESTOURO DE GASTOS NO BRASIL

1- BANCADA COM ESTRONDO FISCAL

Versos republicados: 20 hendecassílabos.

Valdir Loureiro

Proposta de Emenda Constitucional,

Levando o governo a fazer um estouro

Que nem a Amazônia coberta de ouro

Consiga pagar o seu rombo final...

Se o Brasil entrar nesse rol desleal,

Eu digo que é mais outro fim de um colosso;

Que se vai chegar ao fundo de um poço,

Sem ter como dar fim na força do Mal.

Sem mais responsabilidade fiscal

Que tem o limite ou o teto dos gastos,

A casa cai sobre os projetos nefastos,

Mas os seus autores escapam em mansões.

Não digo que serão larápios, ladrões,

Porque podem agir como aquele rei

Que faz absurdo de acordo com a lei

Ou emenda constitucional aprovada.

E quem não gostar dessa conta estourada

Vá trabalhar mais para pagar o rombo,

Mesmo que não mais se levante do tombo

E perca a herança para essa bancada.

Versificação acima em 5 quartetos de rimas intercaladas abba-acca-adde-effg-ghhg.

2- CONTRAENDIVIDANENTO PÚBLICO

Versos: 14 decassílabos (republicado com alteração).

Valdir Loureiro

Uma dívida astronômica, não a faças,

que eu não sei como poderás pagar.

Se gastares demais, virão desgraças

E nem sabes onde é que vais parar.

Como podes viver para gastar

mais bilhões do que tem o teu erário?

Precisavas de um Brasil planetário

para ter essa estrela gastadora.

Tua receita arrecadadora

não sustenta esse peso de moeda.

A falência vai te dar uma queda.

Só Deus sabe dizer por onde cais.

Tens de aprender a não gastares mais

do que teu cofre público tem ou veda.

Nota:

"contraproposta" do estouro fiscal.

Versificação acima em 2 quartetos e 2 tercetos e rimas abab-bccd-dee-ffe.