NUNCA
Nunca vi um navio sair de um porto
nem jamais fui marinheiro a navegar
depois dos horizontes do alto-mar
Nunca salguei minha boca
além das areias da praia
onde seguro e sossegado
passei pela infância sem me afogar
Nunca parti do meu corpo
e segui os desejos sonhados
que me levassem após as mangueiras
que viviam no lado oposto da janela do quarto
Nunca pilotei aviões ou cometas
muito menos cheguei a ser astronauta
a desbravar os planetas que ficam
na parte de trás das estrelas olhadas
Nunca me excedi que não fosse em mim
sequer me transbordei após as fronteiras
e tudo o que em mim não vejo
eu vejo debruçado na varanda
que se encontra acima do jardim
do terreno onde minha história está edificada