NUNCA

Nunca vi um navio sair de um porto

nem jamais fui marinheiro a navegar

depois dos horizontes do alto-mar

Nunca salguei minha boca

além das areias da praia

onde seguro e sossegado

passei pela infância sem me afogar

Nunca parti do meu corpo

e segui os desejos sonhados

que me levassem após as mangueiras

que viviam no lado oposto da janela do quarto

Nunca pilotei aviões ou cometas

muito menos cheguei a ser astronauta

a desbravar os planetas que ficam

na parte de trás das estrelas olhadas

Nunca me excedi que não fosse em mim

sequer me transbordei após as fronteiras

e tudo o que em mim não vejo

eu vejo debruçado na varanda

que se encontra acima do jardim

do terreno onde minha história está edificada

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 29/11/2022
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