DAN --- A FÁBULA

                      D A N

--- Moço, tenho muita fome,

     Eu preciso de comida,

     Hora dessa e nem água,

     É sempre assim a vida ?

     Fome dói, não deixa crescer.

---  Eu não tenho, quem é você ?

     Peça aos seus pais, lhes darão,

     Pareces que dormes no chão;

     Agora deixe-me passar

     E seguir minha direção.

---  Não tenho, nunca conhecí,

     Vivo sozinho na rua,

     Meu cobertor é a lua,

     Cama é banco de praça,

     Preciso ajuda sua.

     Todo mundo me chama Dan,

     Parece que sou Daniel,

     O resto eu não conheço;

     Moedinhas para um pão

     Pela fome, já mereço.

---  cabisbaixo, sem direção

     Seguia Dan, olhando o chão

     E o moço indiferente

     Seguiu sem olhar para trás,

      Nem viu que carteira caiu.

     Dan apanhou-a e gritou:

     Moço, por favor espere,

     Tome, a carteira caiu,

     Senhor nem notou nem sentiu,

     Acho que deve ser sua.

---  É minha sim, obrigado,

     Sem ela nem viveria

     E o dinheiro cá está,

     Vamos para padaria

     Encher barriga vazia.

---  O  padeiro olhando Dan

     Logo sugeriu um banho,

     Limpo e já sem fome

     Expôs seu lindo sorriso:

     Daniel é o meu nome.

     Cada um para seu lado,

     Daniel foi para praça

     E adormeceu no banco;

     Uma senhora o notou,

     Alisando o acordou.

---  lindo com roupas tão sujas,

     Vamos ali comprar outras

     Porque essas quero lavar,

     Tire logo a camisa

     Seu dia vamos melhorar.

---  As costas franzinas nuas

     Mostravam um negro sinal,

     Ave com asas abertas

     E bordas bem definidas,

     Como registro natural.

---  Menino, quem são os seus pais ?

     De onde vens ? Onde vais ?

     Há tempos sumiu meu neto,

     Nunca desistí  de achar,

     Tinha sinal como o seu,

     Nas costas, no mesmo lugar.

---  Sou Daniel não sei de quê,

     Não sei de pais nem de avós,

     Ando sem saber para onde

     E ninguém ouve minha voz,

     Quem me abraça é fome.

---  Chorando olhando pro céu

     Não parava de repetir:

     Deus devolveu meu Daniel,

     Agora já posso sorrir,

     Meu neto volto a beijar,

     Voltou metade que perdí.

     Findo o longo abraço,

     Mãos dadas, todos os quatro

     Num palco iluminado,

     Aplausos agradecendo;

     Fábula apresentada

     Que a vida foi tecendo.

     

AMN DIDO
Enviado por AMN DIDO em 28/11/2022
Código do texto: T7660182
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