Não sei se me vês

Não sei

Se me vês

Ou sequer

Me lês

Se abres

O envelope

Da saudade

Com um perfume

Suave

Que se solta

Em liberdade

E te invade

Com palavras loucas

De desejos escondidos

Reservados

Contidos

Em linhas vazias

Nuas

E enigmáticas

Vadias

De mágicas

Feitiçarias

São letras despidas

Puras

Numa nudez

Com sombras

Atrevidas

Que não consigo

Conter

Letras em que tropeço

Entalada

Na minha timidez

Amordaçada

E que desfilam

Impacientes

Numa corrida

Para o teus olhos carentes

De me ter

Talvez não seja o teu querer

Talvez nem as queiras entender

Talvez os teus ouvidos

Se escondam

Numa mascarada surdez

Talvez os olhos se percam

No conflito

Dos sentidos

E da mente

Talvez nem queiras saber

Que as rastejo

Docemente

Numa tinta dourada

Que as beijo

Num grito

De paixão

Nas noites tardias

Lentas e infinitas

Em que até as estrelas

Bonitas

Se perdem

Na escuridão

Talvez seja em vão

Ou não

A minha ilusão

E o tempo

Avança

Sem contemplação

Arrasta palavras

Numa dança

Sensual

De encanto

Num doce verso

De um amor expresso

Que quero tanto

E no silêncio da espera

Nos ponteiros

Do teu regresso

Que orientam

O momento

Em que decifro

O teu sentimento

Eu me confesso!

Luísa Rafael

Direitos de autor reservados

Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 28/11/2022
Código do texto: T7660144
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