Vagalume

Olha:

Já começam a abrandar teus temores

O mar bravio pousa na costa com brandura

E tudo é diferente, de repente

Tudo é transitório.

O perceber das coisas que borbulham

Dentro do teu peito em vapores densos

Vai se dissipando no ar da noite;

Respira, criança

Serás tu mesma teu amparo.

Tens o dom de emergir ainda mais atenta

Criatura forjada nas estepes de estreita sombra.

Os fardos todos que carregas, inutilmente

Hás de esquecer no poente que beija o horizonte.

Atenção para o que a corrente traz agora

E aceita a calma que te invade mansa.

Flui teu espírito no turbilhão que atravessa

Refaz-te nas areias sem pressa;

És a luz no âmago do breu que avança.

Vagalume, teu brilho está tão efêmero…

No reflexo das águas, tua imagem refletida

Haveria de bastar para intuíres tua potência.

Mas não te aflijas: ao vacilar dos teus voos

Estarei logo atrás, alçando-te as asas.

pedro toscan
Enviado por pedro toscan em 28/11/2022
Reeditado em 09/01/2023
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