Bicho Homem que vive

na guerra interna, de quem

não aceita que é bicho

 

Mas que só ele come.

 

Um homem ocupa uma fila

de loteria, tentando cutucar o nariz

sem que o resto da tribo veja

mas sempre alguém vê.

 

Bicho homem

não aceita que

é bicho…

 

Bicho homem se senta,

corpo equilibrado em ressaca calado,

na pontinha do caminhão

 

a cara de sono que

ontem foi farra…

e agora é só vão.

 

Bicho homem

entregando cartas, encomendas

pernas constantes, insistentes e

recorrentes, sempre e sempre.

 

Um homem se senta num banco

tentando escrever poesias

sem que a tarefa acabe lhe

tirando a função que seria 

 

Do ar… respirar.

 

Às mulheres sim…

Às mulheres não…

 

******

 

Bicho homem casando

ontem, hoje e amanhã…

 

Prometendo…

 

Sala pequena “esquema”

que é: "só assinar o papel".

 

Prometendo…

 

Que vai ser agora, cavalo alado

quando não pode, nem mesmo

ser Lobisomem... 

 

Às mulheres sim…

Às mulheres não…

 

Bicho homem tocando instrumento,

tristonho, mal-humorado, avarento

teve alguém por ali, no passado…

 

Mas agora, passou

como um vento... 

 

Anos e anos aprendendo

tentando virar; vir a ser

um cavalo alado... 

 

Mas é só Bicho

homem, mesmo. 

 

Às mulheres sim…

Às mulheres não…

 

Bicho Homem que vive

na guerra interna, de quem

não aceita que é bicho

 

Mas que só ele come.

 

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 28/11/2022
Código do texto: T7659799
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