EU SOU A POESIA

Sou o corcel selvagem livre no prado,

A água cantante do rio, o amor sagrado,

Sou o pecado que, de Deus, a alma desvia,

Eu sou a poesia...

Sou a lua, o vôo do condor no céu azul-anil,

Sou guerreiro arthuriano de espírito varonil,

O crepúsculo, a juventude, a velhice, a fantasia,

Eu sou a poesia...

Sou os cabelos brancos, a ruga na fronte do ancião.

Sou grãos de areia, a branca espuma das ondas no oceano,

O som da floresta, o sol que ilumina o dia,

Eu sou a poesia...

Sou o ventre da mulher gerando outra pessoa,

Sou a semente plantada, o sino da igreja que soa.

Sou a ciência, a experiência, a consciência de culpas vazia,

Eu sou a poesia...

Sou a dor da ferida aberta no coração,

O grito da solidão humana em triste canção,

Sou a arte, sou a mão que a obra-prima cria,

Eu sou a poesia...

Sou a vida, o exílio que ao homem desterra.

Sou o descanso na última morada debaixo da terra,

Sou o vento, o fogo que aquece a noite fria,

Eu sou a poesia...