Discernimento

Limitado pela criança que fui, desejo o que não posso dar.

Desejo a atenção e o carinho que não mais sinto em mim.

Nasci circunscrito no tempo e no espaço que me aprisionam.

Sou prisioneiro das escolhas que fiz.

Todavia..., não errei tantas vezes assim.

Mas me dói a exclusão...

Não a minha..., sim a dos "meus".

O que fizeram eles?

É forte a ausência dos que um dia me foram caros.

Posso suportar.

O que não suporto é me encontrar anestesiado ante a gritante presença dos que me fazem forte.

Receio subtrair-lhes a força que eles mesmos desconhecem.

Talvez eu esteja destinado a lugar algum.

Se assim o for, estarei livre.

Já não serei mais prisioneiro no espaço.

E não havendo espaço, não pode haver tempo.

"Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!" *

Ipatinga, 26 de novembro de 2022.

* Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

Anderson Aquiles
Enviado por Anderson Aquiles em 26/11/2022
Reeditado em 29/11/2022
Código do texto: T7658620
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