EU E O TEMPO
O passado não me pertence,
mas é tudo que tenho
na contramão do tempo,
nas nostalgias do corpo,
dos outros, e dos momentos.
Tudo é indeterminação e mudança.
Nenhuma identidade ou autoridade
me aprisiona o juízo.
Meu passado não é tradição.
Existo limitado e finito,
dentro dos cinco sentidos,
em movimento intuitivo,
quase sem tempo,
na invenção da minha época
aquém do futuro e do presente.
Desde sempre sou apenas lembrança
se desfazendo em esquecimentos.