A mistura das Vargens

Ventura!

Quando em duas Vargens há mistura

O poeta e o compositor

Ambos a falar de amor

E vão pra avenida desfilar

Se aculturam do povo do samba

A nobre raiz do lugar

O quilombola há de ser feliz

Com a ascensão da sua escola

E traz na história o seu enredo

E a ventura do povo negro

Que não precisa da tecnologia

Das fibras do fundo do mar

Nem dos drones da má riqueza

Que ficam expostos no ar

E vem o gavião e a gaivota

A derrubar quem quer nos vigiar

Somos o coracão da mata atlântica

Que beira o mar e de paisagem romântica

E atrás da selva de pedra surge a lua cheia

Que é bonita demais

Anunciando o caminho do céu

É a história dos nossos ancestrais

O sol ilumina a nossa musa

E nos oferece felicidade e prazer

É o sinonimo da fertilidade

É espaço no campo para dar e vender

Eu " Tô na boa"

Comendo um risoto de camarão

E bebendo uma cerveja

Pra comemorar a nossa libertação

O ventre é livre lá no topo da mata

Nascem negros sem correntes e sem chibatas

Não há grito de socorro

O que se ouve é o ritual da emancipação

E o sacerdote de Mont Serrat

Sobe a serra pra mão do Preto Velho beijar

Que come o pão oferecido a nos mostrar

O que é cultura popular

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 25/11/2022
Reeditado em 25/11/2022
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