REFRATADA...
A chuva cai,
serenando a tarde
borrifando a pele,
resfriando o ar,
Matizando o horizonte
em arcos de luz refratada.
O choque térmico
faz subir um vapor,
com cheiro de terra molhada.
Ao fundo os relâmpagos se lançam nuvem terra,
Numa descarga conectante de elétrons,
Uma guerra de trinta mil amperes e cem milhões de volts.
Não ouço os trovões ...
Foram silenciados com algazarras das crianças a correrem no campo;
Agora são criaturas sujas de barro,
em simbiose com o Barro,
esculturas humanas,
a experimentarem o sopro da criação divina...
Com alegria inerente a quem esta vivo , a quem se sente vivo , e se conecta
a felicidade do milagre da vida.
As crianças correm... correm ao fim do arco-íris;
Não buscam o pote de ouro,
apenas querem o direito de acreditar.
As crianças conhecem o valor da vida,
e se agarram como loucas a pequenos momentos de felicidade.
Elas sabem que o sol vai se abrir em breve,
e aquele instante precisa ser eternizado...
As crianças tornam a tempestade um evento de aprendizado e descobertas,
são cheiros , sons, brilhos , sensações
cravados no íntimo do ser .
A tempestade viverá pra sempre na fotografia de suas memórias sensoriais.
Ah! Como eu queria ter a sabedoria das crianças para enfrentar a tempestade .
Correr de boca aberta pela chuva
Sentir na pele a minha a origem de barro .
Não me importar com as descargas elétricas, prótons, neutrons,
elétron, volts, ampéres...
Apenas me permitir procurar o fim do arco-íris...
Não importando o pote de outro...
Apenas o direto de acreditar..
De acreditar na vida de novo.