Cantam Anjos e Querubins

Cantam

Anjos e querubins

Que encantam

Os jardins

Do Paraíso

Ensaiam

Um coro celestial

De vozes afinadas

Num fundo musical

De harpa e violino

Fazem-se os preparativos

De ouro, incenso e mirra

Em tecidos

Rendados

E festivos

Enlaçados

Para a lembrança

Dos Reis Magos

No fim do dia

E eu

Estou no parapeito

Da esperança

À janela

Entontecida

Com a luminosidade

Da geada

Adormecida

Num leito

Frio de granito

Escorrem

Fios de águas

Geladas

No beiral dos telhados

Encobertos

Por lágrimas das mágoas

Das saudades

Que o tempo

Não leva

Nem anestesia

Quando neva

E as deixa comigo

Num recanto escondido

De vida

Tudo é lento

Até o momento

De solenidade

Interrompido

Pelo silêncio

Ouço os risos

Das fantasias

De criança

Sinto os abraços

Fraternos

De confiança

O cheiro

Das especiarias

Num burburinho

Que acompanha

As melodias

Do crepitar da lareira

Uma chama incandescente

De calor

E magia

Que me invade

Uma fogueira

Quente

Num escuro

De estrelas

De luz

E suavidade

Um grito

De amor

Que atravessa

O infinito

E me seduz

Nasceu

O menino Jesus!

Luísa Rafael

Direitos de autor reservados

Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 22/11/2022
Código do texto: T7655699
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