Cantam Anjos e Querubins
Cantam
Anjos e querubins
Que encantam
Os jardins
Do Paraíso
Ensaiam
Um coro celestial
De vozes afinadas
Num fundo musical
De harpa e violino
Fazem-se os preparativos
De ouro, incenso e mirra
Em tecidos
Rendados
E festivos
Enlaçados
Para a lembrança
Dos Reis Magos
No fim do dia
E eu
Estou no parapeito
Da esperança
À janela
Entontecida
Com a luminosidade
Da geada
Adormecida
Num leito
Frio de granito
Escorrem
Fios de águas
Geladas
No beiral dos telhados
Encobertos
Por lágrimas das mágoas
Das saudades
Que o tempo
Não leva
Nem anestesia
Quando neva
E as deixa comigo
Num recanto escondido
De vida
Tudo é lento
Até o momento
De solenidade
Interrompido
Pelo silêncio
Ouço os risos
Das fantasias
De criança
Sinto os abraços
Fraternos
De confiança
O cheiro
Das especiarias
Num burburinho
Que acompanha
As melodias
Do crepitar da lareira
Uma chama incandescente
De calor
E magia
Que me invade
Uma fogueira
Quente
Num escuro
De estrelas
De luz
E suavidade
Um grito
De amor
Que atravessa
O infinito
E me seduz
Nasceu
O menino Jesus!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal