CARPE DIEM
Nada me indagues,
É ilegal perscrutar o coração alheio...
Não me faças perguntas,
Pois só o tempo dará respostas
Sobre as quimeras vindouras.
Não me julgues,
As tentações existem
E é preciso não ser humano
Para não copular fantasias
Da vida presente.
Não delates meus segredos,
Em meu íntimo não me conheço
E não sou Narciso para apaixonar-me
Pelo quinhão dos meus dotes
Que é a pedra-sabão de minha existência.
Não me aborreças,
Minha paciência não é ilimitada,
Sou impessoal às manifestações pretéritas
E totalmente ortodoxo aos ensaios futuristas,
Portanto estou morto-vivo no espaço da vida.
Não me doutrines,
O mundo é meu professor e meu mestre,
O bem e o mal jazem na discórdia
Enquanto a ignorância campeia solitária,
Porque na coletividade o interesse impera.
Não me deserdes,
Minha sabedoria é análoga às conspirações
Que buscam da felicidade o dó maior,
Canção imbuída de uma anestesia
Que me faz adormecer no amor.
Não me incrimines,
Sou um empírico fátuo,
Promovedor da esperança e da quietude
Que ainda sobrevivem na consciência etérea
Do homem que vive, mas que ainda não nasceu!
Não me expulses deste Paraíso,
Porquanto a Terra treme em sua agonia
Tanto quanto este tenebroso respirar
Que alimenta a alma dos seres viventes
Sempre ameaçados pela morte, mas sobrevivem!
DE Ivan de Oliveira Melo