Soneto da doação
Soneto da doação
Há quem albergue no coração um recanto imaculado
Se entregue em doação sem olhar para o lado
Leve o esplendor do céu para os olhos marejados de sofrimento
Aconchegue os corpos desnudados com um cobertor de sentimento
Há quem mendigue e ofereça o único pão que tem
Esqueça a a abundância e não seja ninguém
Tenha o sorriso da infância tatuado no peito
Viva num paraíso de recolhimento por si eleito
Há quem seja a voz clamorosa de oprimidos e desanimados
Ore uma prece silenciosa pelos perdidos em pecados
Viva em profundidade a essência do verbo amar
Há quem respire bondade sem evidência de nada para dar
Abrace a felicidade do outro como sendo sua
Só pode ser um poeta, um louco ou qualquer outra alma nua!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal