Nitidez
Transparências cristalinas,
Vislumbre límpido de lucidez,
Um véu desencobre o dia sem mistificação…
Eventualmente o tempo desfaz o que o laço um dia fez.
Boca entreaberta, alívio e estupefação:
o espanto de viver sem sofrer assusta.
O que é que virei a ser na curva resplandecente do amanhã
Destituído da carapaça de minha miséria?
Sorriso incrédulo emergindo das entranhas da primavera,
Caminhos que se rasgam entre luzes e claridades…
Sim, que estes versos evoquem imagens de alta nitidez!
Pois enxergo tudo agora
Como quem renasce em outro corpo, mais leve e mais ameno
Eu, antigo em mim mesmo
Desarticulado e inconspícuo
Diante da vida que se descortina, fito o horizonte.
De nada não sei; tudo me atravessa, nada me desvenda.