UM HOMEM ATEMPORAL
Lavou o rosto com a liquidez dos segundos
escovando os cabelos com a pontualidade dos minutos
Encobriu-se das horas necessárias
e saiu para as ruas como se fosse um dia
Nas esquinas dos calendários
se encontrou com as semanas que o aguardavam
e juntos passearam pelos meses das praças
comemorando aniversários atrasados
Voltou arrastado pelo se ir da tarde
banhou-se com o frio do crepúsculo
no aguar dos resíduos sobrantes das manhãs
e se encobrindo com lençóis de noite
adormeceu o sono secular dos milênios
no aprofundar eterno dos sonhos passageiros