O despertar
O despertar
Acordo pela manhã com o café quente iluminado do sonho
Esvaiem-se fumos vestigiais de amor carente apagado sem dono
Os olhos sonolentos pestanejam incrédulos para o que a realidade me traz
Apenas desejam sedentos a ilusão que me aconchega de felicidade e de paz
O calor dos lençóis solitários tem uma energia própria de auto-estima
Envolve amores imaginários que com a fantasia não me fazem estar sozinha
Talvez por isso a noite calada seja tão envolvente com uma magia feiticeira
Parece apagada mas a luminosidade clareada do discernimento adormece à minha beira
Procuro no escuro da solidão o que os meus olhos buscam no infinito
Um amor que não me merece é apenas o que encontro e coloca-me em conflito
Um momento descolorido que contraria a cor dourada do raiar do dia
Um pensamento cinzento molhado de dor escondido numa desfasada ironia
Adormeço o sentimento que deixo no leito da próxima noite clandestina
Esvazio o peito e sigo o momento onde esqueço o que me a vida me predestina
Luísa Rafael
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Porto, Portugal