Contagem Regressiva
Eis que o momento se aproxima!
Será desvendado o enigma...
Da ampulheta do tempo, escorrem
Os grãos perdidos dos segundos!
Um por um, eles morrem,
Mas tornam os momentos fecundos,
Parindo um mundo dentro do mundo.
Serei decifrada ou devorada?
Presa eternamente na masmorra
Ou para sempre libertada?
Ou me equilibro nesta gangorra,
E provo alternadamente
Do veneno e do antídoto?
Decido finalmente...
Se entro em coma ou ressuscito?
Se experimento o essencial ou o frívolo?
O unilateral ou o recíproco ?
Mato ou me suicido?
Jogo-me do precipício
Ou no último minuto paro?
Fecho as portas ou as escancaro?
Alimento ou sangro o vício?
Cutuco ou curo as feridas ?
Prefiro os vendavais
Ou o conforto das brisas?
Mergulho nos lamaçais
Ou tomo banho nas cachoeiras?
Aceito o pecado da macieira
Ou me arrisco a ser jogada na fogueira?
São tantas as escolhas...
É preciso explodir a bolha
E espalhar as mil folhas
Das árvores e dos cadernos.
Cambalear entre paraíso e inferno...
Deixo os cacos espalhados
E continuo inúmeras?
Ou reúno para sempre meus pedaços
E torno-me apenas uma?