ANOITECER

 

Anoiteço todo dia

em meio a auroras vazias,

e ocasos deslumbrados.

Desconheço qual meu fado

e caminho adormecido,

soluço, às vezes, em gemidos,

menino faminto - espantado.

Nem lembro se o ontem passou,

curto, só, a minha dor

sem dividir as estrelas

que me deram de presente.

Posso até secar o choro

ouvindo as vozes do coro,

com o pensamento ausente,

mas prossigo, sigo em frente,

tiro as pedras com cuidado

não olho pra trás,

nem pros lados...

Eu pago o preço contente.