MARÉ

te encontrei onde a onda quebrou,

baque na pedra, estilhaços de conchas.

vieste como santa no brilho da espuma

e, na linha do fim do dia, te iluminaste.

pude então ver o infinito da tua luz,

que dava para além do que se pensa ser mar

para voltar redobrada, fecundada no útero da lua pela semente do sol.

estremeci na fria onda verde,

quando deste por encerrado teu ciclo.

entreguei-me ao bailado das águas-vivas

para repousar nas fossas abissais.