Ato Falho
Após vasculhar todas as hipóteses,
Concluiu que não fora um equívoco!
Na verdade, uma espécie de prótese,
Que seu inconsciente encontrou
Nos porões escuros de seu cérebro ...
Tangencialmente recíproco,
O dito mostrou-se absolutamente unívoco,
Camuflando o que restou
Dentro de um universo hétero!
As diferenças se mostravam
Em algumas verdades escondidas
Que, em dado momento, vieram à tona
E misturaram a escrava e a dona,
Que já estavam corrompidas
E compartilhavam a mesma zona.
Num ato falho, disse o que devia ser dito!
Pousou no próprio galho, seguiu o rito:
O que estava engasgado foi regurgitado!
O que estava preso foi libertado!
O canto do pássaro entoou as rimas
E baniu o que devia ser banido!
As palavras escorriam cristalinas,
Mesmo parecendo clandestinas,
Cada grama valia por um quilo...
Cada trama significava um livro...
Cada drama era uma gota de um litro...
E, ao final, sem nenhuma falha,
De grão em grão , de migalha em migalha,
A verdade, em suas nuances , se mostrava!
E sem o mínimo conflito,
O milho foi debulhado e malhado.
Mesmo misturados, o joio e o trigo
Foram habilmente separados!
Foi feito o maior sacrifício:
Encontrar e ceifar o vício!
A agulha foi encontrada na palha
Da forma mais difícil...
E a malha virou tecido.
Cada palavra era limalha
E as faíscas tinham seu próprio brilho
Tais quais o nascimento de um filho!