CLARIVIDÊNCIA

Não sou perfeita.

Assumo a condição

de uma enorme privação

que me deixa tolheita.

Quem me espreita

me percebe insatisfeita.

Há fendas profundas em mim.

Espaços vazios em senão.

Careço da razão plena, amena,

quando me domina a emoção...

Falha-me o sentimento

quando me enfrento, assim.

Sigo desequilibrada

por insuficiente ponderação

entre o que sou

e o que desejaria ser.

Falta-me, no viver, precisão:

ausento-me. Por transgressão.

Na essência,

desminto a aparência.

Não sou autosuficiente

tampouco consistente.

Sou impermanente.

Clarividência: sou deficiente.

(para o tópico Poesia on-line - Forum - mote: Deficiências, de Mário Quintana, em 04/12/07)