Aleteia
Vã verdade apetece-me,
palpita com sede o vinho,
deságua a mentira inebrie
com a doçura do amor tinto.
Procuro-te com a polidez,
a retumbância de um diamante
escondida dos olhos e da surdez,
ouço-te na penumbra sensatez.
Sem vos nada queremos.
Se morta estiveres, findaremos.
Enterremos e lamentemos,
e as verdades, mentiremos.
pt.2:
Estive procurando, quando pensei em achar,
novamente me enganei.
Sobre o véu da ilusão lá, escondida, está.
Vedas, ascetas e irmãos todos contigo e com
Allah.
A Verdade é sagrada e a mentira é
tramada.
pt.3:
A humanidade sempre lutou por ela, mesmo falhando miseravelmente.
No cálice ela bebeu sangue.
Sangue esse derramado por sacrifícios ou cruzes quebradas; violência e ódio ao próximo nos anais da raça humana.
Desde Homero a Fernando Pessoa
a poesia metrificou-se em dor;
talvez o melhor soneto seja a morte,
a mais presente das deusas poéticas.
Enquanto a Verdade ser um instrumento,
nossa espécie não evoluirá.
Pelo contrário: a seleção será parcial e não mais natural.
Darwin e Camões erraram,
se somos amores ardendo sem se ver,
nossos instintos rudimentarizaram
o mal a prevalecer.