ZAGAIA

Se você dança pra vender felicidade,

sabe que a fome existe na panela,

e vira côco, tambor e arreio,

na passada nervosa da urgência.

É espinho encravado no juízo,

que atrela os cavalos à noite.

E vai longe o que se entende da vida,

quando se está fincado na terra rachada.

De repente é o grito do que está abaixo da terra,

sete palmos separando a insistência da salvação.

Assombração no bico do pássaro preto noturno,

engolindo faísca de estrela no lago a secar.

Tristeza só quando a guerra é inevitável,

retumbando atrás do morro, atrás de outro morro.

Se você dança pra vender felicidade,

sabe que a morte existe atrás da porta,

vira culpa, zagaia e vela de sete dias,

na invenção do medo que encurtou nossos dias.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 13/11/2022
Reeditado em 13/11/2022
Código do texto: T7649054
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.