Foi assim que te recebi
Foi assim
Que te recebi
Abri
A porta
Da minha interioridade
De talha dourada
Trabalhada
Numa riqueza
De simplicidade
Despida
De vaidade
Vestida
Com as transparências
Da pureza
Que seduz
E perdi-me
No teu olhar
No raiar
De luz
Que dele saía
Como faróis
Na minha alma
Sombria
Com cristais
De fragilidade
Que tilintavam
A melodia
Da felicidade
E os sois
Das alvoradas
Aqueciam
Os nossos corpos
Enlaçados
Adormecidos
E cansados
Nas estrelas
Do firmamento
Deitados
Com a tua mão
Na minha
De dedos delicados
E apaixonados
Nas insónias
Da nossa alquimia
Mal eu sabia
Que aquele dia
Que tanto imaginei
Nos delírios
Dos meus sonhos
De desejos
Chegaria
Sob a forma
De beijos
Com a tua entrada
Como entra a Primavera
De rompante
Na mudança
Da Estação
Numa chegada
Estonteante
E abriria
O meu coração
Doce mel
Fazendo dele papel
Para escrever
A nossa poesia!
Luísa Rafael
Direitos de autor reservados
Porto, Portugal