Sem título
Vi-a no espelho,
atrás de mim, colocar
uma navalha em meu pescoço,
sorrindo com um tom ambíguo,
misto de loucura e piedade.
Despistei e ri também,
mas no fundo a pressão
atingia picos imensuráveis,
as veias latejavam sentindo
a iminência do talhe fundo.
Então virei-me de frente pra ela,
segurei sua mão com a lâmina afiada
e a fiz sentir, colocando essa mão
sobre o meu peito, que havia ali,
batendo, uma arma muito mais perigosa,
afiada e cega.