São águas salgadas
São águas salgadas
Tingidas
Pelos sois
Das madrugadas
Lençóis
Amarrotados
De lágrimas perdidas
Gotículas
Diluídas
Que caiem
Do rosto
Das mágoas
Se esvaiem
Em ondas
Cadenciadas
Nas águas
Que espelham
A face
Gotas de nadas
Tão cheias de tudo
Um escuro
Cristalino
Que salta
Como pedra
No charco
De marcado destino
Olho as marés
Que me adoçam os pés
Com carinho
Vejo
Uma espuma
Curativa
Que avança
A minha fronteira
Numa dança
Convidativa
E o cheiro
Da maresia
Perfuma
O meu corpo
O olhar
Descansa
Neste mar
De magia
O pensamento
Balança
Para a frente
E para trás
Tal como o espraiar
Das águas
Nas areias
Do sentimento
Nem sequer
Faço um movimento
Nem um pestanejar
Do olhar
Estou ausente
De mim
Esvazio a alma
Encho-a de paz
Mas curiosamente
Tu insistentemente
Estás sempre
Presente!
Luísa Rafael