Poema ausente
Horas há em que, teimosa,
A pena recusa-se a escrever
Um verso que está há tanto tempo
Saltitando na minha cabeça.
O verso surge bruto,
Revestido das sensações do instante.
A pena não quer lapidá-lo
E torná-lo compreensível.
Penso o instante e não o descrevo.
Sinto o momento e não o traduzo.
As horas se passam e as sensações se somam.
No papel em branco,
Milhares de instantes perdidos.