Vem cá
Posso entrar na sua casa,
Vasculhar suas gavetas, seus papéis, suas inutilidades amarrotadas?
Posso conhecer suas estradas?
Posso pousar na sua janela, e singela, tomar a palma da sua mão?
Posso escorrer no entanto, no seu papel em branco, como sangue franco,
Vermelho e lúcido, temperado de açafrão?
Posso ser sua sílaba acertada, acentuada, ser sua alma lavada?
Só não posso ir de pronto a tamanho desencontro
Só não posso ser senão.