Há águas salgadas
Há águas
Salgadas
Transparentes
Que me beijam
Os pés
De peles delicadas
Quentes
Por espumas orvalhadas
Envolventes
Agarradas
A cócegas solitárias
Ternurentas
E suaves
Há mágoas
Arrastadas
Pelas marés
Calmas
E lentas
Das mansas
Liberdades
Contidas
Que em mim
Avançam
Humedecidas
Como sopros de vidas
E que se espraiam
Deitadas
Nas areias
Soalheiras
Coloridas
Salpicadas
De brilhos
Que por lá desmaiam
Há ondas
Que dançam
E tocam o céu
Das minhas fantasias
Faceiras
Em desafios
Das imaginárias
Delícias
E contentamento
Enlaçadas
Com o vento
Das carícias
E quando
Os meus olhos
De pestanas cansadas
Descansam
Nesta infinita
Maresia
A minha alma
Suspira
E grita
Num murmúrio
Diluído
Nesta imensidão
De acolhimento
Um eco
Perdido
De expectativa
De um sentimento
À deriva!
Luísa Rafael
Direitos de autor reservados
Porto, Portugal