Olho para o amor que não veio
Olho
Para o amor
Que não veio
Adormecido
No calor
Da curva
Do meu seio
Uma visão
Turva
Que permeio
Com as pestanas
No chão
Liso
E cinzento
Onde dança
O sorriso
Da ilusão
Num breve
Apontamento
Vagueio
À tua procura
Por entre
Os olhos da lembrança
Onde prolifera
O sentimento
Quente
Com a cor
Da esperança
Na verdade
Procuro
Muito mais dentro
Neste labirinto
De mim
Guardado
No doce acolhimento
Calado
Da intimidade
Onde te sinto
Na integridade
Do que por entre
A ubiquidade
Dos ruídos
Perdidos
Nos recantos
Citadinos
Das rotinas
Diluídas
Pelo afastamento
Dos dias
Vou preenchendo
O tecido
Da tua
Ausência
Nua
No tear
Da paixão
Com fio dourado
Da fantasia
Que me ofereceu
A imaginação
Alimentando
Uma essência
Que te ama
E que me devora
Com a constante
Hesitação
Da questão
Será agora?
Luísa Rafael
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Porto, Portugal