P R E C I O S I D A D E S (321)

P E R D I Ç Ã O

Um dia um anjo mau falou ao meu ouvido ;

" Ela gosta de ti ". Ingênuo, acreditei.

Ela era para mim o fruto proibido

que eu num ato profano, esse dia provei.

Depois, tudo mudou. No seu olhar mentido

a perfídia surgiu. Ela era dessa grei

que se entrega ao pecado, ao êxtase fingido,

por sádico deleite e desafio à lei.

Com ela mergulhei no lamaçal do vício.

Vivi em sobressalto, andei pelos bordeis,

a ela me igualei, trocando de papeis . . .

Perdeu-me o seu amor - trevoso precipício

de onde agora me atiro aos vendavais da vida,

e ela, enfim, o que é hoje ? - Uma mulher perdida.