Soneto da reconciliação
Soneto da reconciliação
Somos espaços verdejantes em brisas frescas de acolhimento
Relvados pujantes salpicados de flores campestres ao vento
Desertos de instantes de recolhimento em agrestes ventanias de poeiras
Silêncios gritantes de lamento que transbordam em cachoeiras
Somos a pureza imaculada que nos é dada à nascença
Manchada pela dureza de lágrimas tingidas de pecado
Paredes despidas de emoção com a voz calada pelos dilemas como sentença
Serenas, vazias e nuas pela condição depravada das algemas frias do condenado
Somos um mergulho profundo na insanidade da nossa imensidão
Em água cristalina de oceanos com a claridade do baptismo da reconciliação
Onde renascemos, nos encontramos lentamente e enfrentamos o fado
Somos a felicidade que emana do esplendor do coração
Num sorriso rasgado de uma magia alegre, introspectiva e inocente
De um silêncio leve bordado de amor em fio transparente
Luísa Rafael
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Porto, Portugal