Deu-me vontade de escrever...
Ele veio novamente, estava ali
Parado, entre nuvens e pássaros
Parecia levitar, nem um só balanço
havia em seu corpo.
Eu o via belo como sempre,
porém, em seu rosto havia uma
tristeza imensa...
Eu me aproximei e tentei lhe falar
mas, minha voz não se ouvia
De repente, ele se voltou para mim
e disse: Aproxima-te!
Meu coração deu um salto
e, calada, me aproximei dele,
lentamente...
Não sentia meus pés, meu corpo,
contudo, eu estava inteira ali
Quando cheguei bem perto,
parei e foi então que ele se pos
a vir até a mim, chegou a tal ponto
que senti seu corpo como colado ao meu.
_Estava a te esperar- disse-me ele. Por que
não vieste logo?
Eu então lhe disse: Não sei, estava temerosa.
Por que? completou ele: Por que sempre duvidas?
Não sabes que estou sempre a teu dispor?
Não te falei tantas vezes que tudo era para
ser da forma que está sendo? Ainda desacreditas?
Por que ficas calada? Não vês que devias ter vindo antes?
Eu fiquei ali, calada. Não sabia o que dizer.
Ele continuou ali a me olhar fixamente. Seus olhos brilhantes, pareciam entrar em mim e eu me sentia como se estivesse a falar comigo mesma.
Como sempre fazia, falou naquele tom sério:
Tu não crês. Estou aqui a te falar, mas tu não crês.
De repente, ele tomou meu corpo e o levantou.
Disse-me: Vou levar-te pelos mesmos caminhos por onde já te levei.
Parecia que eu estava a sonhar o mesmo sonho.
Os céus se abriram e lá estava eu a passar por
tudo que já conhecia... As nuvens paradas,
os seres alados passando. Entre tantos planetas, astros passávamos e ele a me levar como se eu fosse uma simples folha.
Suas asas ou braços pareciam me abraçar.
Assim, navegamos por aquele mar de luzes.
Ele, calado, deixava-me livre no pensar.
Depois, de um tempo sem sequer uma palavra,
por fim ouvi sua voz em mim: Xênia, irás voltar
para lá. Tenta não esquecer. Estás ligada a mim, acredita no que te falei e falarei. Nada é sonho. Tudo é real. Deixa tua porta aberta. Logo voltarei para te buscar. Temos que acertar o futuro. Sabes que tens um compromisso conosco. Nasceste para mim
e virei te buscar outras vezes. Nada de dúvidas. Não temas! Não desacredites! Agora, fecha teus olhos.
E eu ali, sem querer, me vi solta. Estava sozinha.
Olhei em redor e me dei conta que estava no meu quarto, deitada.
Uma voz ouvi então, dizendo: Não te esqueças! Estou contigo! Não temas! Nunca te deixei! Espera!
Logo depois, senti um vento suave como uma doce carícia passando em mim.
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Sonho ou visão? Não sei.
Raimunda Lucinda Martins (Nelremar)
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