Olhos embargados

Olhos embargados

São rio

Que corre sobre um leito

Numa triste viagem

Galgam a margem

Sem avisar

Num extravasar

Do momento

Há um sentimento

Um sonhar

Carregado no peito

Que aperta

E soletra

O verbo amar

E depois de se esvair

Esse néctar cristalino

Num engolir

Dessa mágoa

Esses olhos de água

Acariciados

Por um lenço de ternura

De um beijo

Aveludado

São sorriso

De cor

Um desabrochar

Da flor

Regado

De ilusão

Num agarrar

Do arco-íris

Com a mão

E pintar

Essa dor

Num ingénuo

E puro

Olhar!

Luísa Rafael

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Porto, Portugal