Universal
Queria falar ao mundo/
Acordar todos desse sono profundo/
De correr pra ser apenas uma peça/
Da engrenagem socioindustrial /
Dessa ideologia material/
Dessas vaidades pessoais/
Desse deus capital /
Queria poder/
Abrir a porta do horizonte/
E do alto de um monte/
Simples, falar de amor/
Como o essencial/
A existência do coração/
Sem pretensão/
Te tirar do chão/
Qualquer coisa/
Pra tocar o tua razão/
Falar além do tempo/
Através dos momentos/
Dizer por segundos/
Ao teu sentimento /
Que transpunha os muros/
Queria usar um argumento/
Que sorrateiramente/
Invadisse o vazio/
De qualquer solidão/
Uma voz suficientemente harmoniosa/
Como de uma canção/
Que furtasse as barreiras/
Da compreensão/
A dizer/
Que a insensatez as vezes/
Nos aprisiona sem compaixão/
E como se fosse uma cena real/
Onde a capela/
Forja uma dor /
Nos impede de ser normal/
Nos cega a fazer andar na escuridão/
Aceitando o veneno do mal/
Queria poder bradar pra você ouvir/
Como orvalho na flor/
Como o sorrir num palor/
Como a esperança ao moribundo/
Que viver para amar, é essencial /
Olhar a todos como igual/
Respeitar o diferencial /
Queria poder dizer /
Além das fronteiras que você /
Não é diferente de mim/
Queria apenas falar/
Além das pretensões/
Que somos irmãos/
Na garfe do tempo perdido /
Antes da morte te avisar/
Talvez perguntar/
Por que é tão difícil nesse mundo/
A gente amar/