PASSIVO
E o meu verso, preso entre relógios,
não de tempos, mas de luzes velozes
que vêm a partir do laranja do poste
— a intermitência duma falsa aurora,
onde esta sombra ocre nunca se move.
O poeta sempre é anotado, e não anota
o dia sim, outro igual, e na mesma rota
e sem surpresa da focinheira das horas.
Aos cinquenta minutos, surge da encosta
um pardal atrasado: ele chilreia e morre.