Sou uma naufraga do silêncio
Sou uma naufraga
Do silêncio
Não sei se é aptidão
Que brota com a aprendizagem
Se é mesmo um dom
Da natureza
O silêncio é a palavra
Da mais pura nobreza
Mergulho nessa água
Ora doce, ora salgada
Que de insípida
Não tem nada
É mesmo cristalina
Diria até mais
Divina
Tal é a sabedoria
Que nos ensina
Segue comigo viagem
Companheiro no caminho
Sombra no destino
E quando quero falar
Desabafar
Tenho o espelho
A minha imagem
Que me olha nos olhos
E sorri para mim
Como um bálsamo
Inebriante
Do meu próprio jardim
Estou só, sim
No meu recanto
Com os meus medos
Segredos
Que os espanto
Crio um mundo de encanto
Que me embala
De forma ritmada
Acompanha a passada
No meio da multidão
Alheia, mas não perdida
Na minha introspecção
Saem flores
Do coração
De múltiplas cores
No meu hino à vida
É a minha oração!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal