Espinho
Qualquer que seja a dor/
Incomoda a carne/
Imagine na alma/
Como se estivesse/
Entre a pele/
A separar do osso/
Só você é quem sente/
Logo ficas doente/
Sem alegria na graça/
Viras prisioneiro/
Oportunamente escravo /
Se recatado, sofres calado/
E ainda permitirás/
Que outros te julguem/
Te exponha ao ridículo/
Te dificulte a lida/
Como se as noites sem sono/
Arguido dos espasmos das tensões/
Em ver tua carne morrendo/
Fosse fácil aceitar/
Como se a incógnita/
Do futuro fosse apenas um muro/
Pra se pular/
No juízo de valor/
A dor tem latência e palor/
Tão aceitavel como no conto de fadas/
Pouco se converte de lado/
Suave pra mim seria cicuta/
Como se o modus operandis forjasse alguma culpa/
A guardar no lodo/
Que incomoda tantos olhares a me suportar /
No entanto, nesse intercalar/
Vejo no imprevisto o absinto/
Que me pausa/
Mas bem sei, que ao me curvar/
Agrada mais as serpentes/
Do que aos abutres/
Porque, de certa ordem nunca haverá luz no escuro/
Nem água farta no deserto/
Pois que nas horas, em que o caos te abraça/
Há quem ria da desgraça/
Vendo ali felicidade a expor na praça/
Agora que o dia amanheceu/
Sem lágrimas pra chorar/
Nem miséria pra me aconselhar/
Posso morrer mais um dia em paz/
Mesmo que o meu mundo /
Anônimo pela distância /
Esteja verbando abismo/
Não vou por/
Na essência da alma/
O amargo da casca/
Mas a perseverança do amor/
Visto que é o que faz viver/