Ai , mar

Ai mar!

Mar da minha perdição

Que meus pés

Beijas

Solfejas

Uma canção

Conheces o meu corpo

Lés a lés

Desejas

Abraças

Em ondas de vibração

Que emitem um som

Cadenciado

De sabor

Salgado

És a minha inspiração

Quando estou sentada

Na areia molhada

Como forma de libertação

Vens devagarinho

Não perguntas se sim ou não

Dás-me a mão

Tens um jeito especial

Diria até sensual

De proximidade

És beleza

Sem vaidade

Intimidade

Revoltado

Expandes-te pelo ar

Sob a forma de espuma

Que se dispersa

Num ambiente de bruma

Em explosão

Ainda assim

Para mim

És calma

Leveza

De alma

Enches o coração

E quando as lágrimas

Pelo meu rosto deslizam

Em sofreguidão

Numa revolução

De uma ferida aberta

Em cicatrização

Serves de manto

Para este pranto

De dor

E neste momento

De emoção

Em que partilhamos

Um secreto amor

Olhos nos olhos

Entrelaçamos a mão

Num aconchegante

Calor!

Luísa Rafael

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Porto, Portugal