POEMA DO INDIZÍVEL
Não sou poliglota
mas sei a língua dos homens
Domino o dialeto das ruas
as gírias dos bares e das esquinas
Trago em mim
todas as palavras do mundo
Conheço os Cânticos de Salomão
os segredos de Skakespeare
os heterônimos de Pessoa
os épicos de Homero
as canções de Camões
os quartetos de Eliot
os sonetos de Petrarca
a simbologia de Verlaine
e a rebeldia de Rimbaud
Já percorri todas as livrarias
e li todos os livros de Alexandria
Mas não consigo transpor em poesia
o deslumbramento que me dá
quando de te vejo assim distraída
passando por mim como se fosse
uma tarde morna de domingo