Poema dos telhados

Hoje só quero poetizar

sobre telhados

que em uma bucólica paisagem

atraem-me mais do que tudo...

porque são eles os recortes

da beleza natural ao redor

falando-me de trabalho humano

quase improvisado, produzindo

o aconchego e a proteção

em diferentes momentos...

em épocas variadas...

aproximando-se um dos outros

com a simplicidade

de uma cálida amizade

e recontando histórias

quase imagináveis através do tempo...

São esses mesmos telhados

que eu desenhava em minha infância

em uma folha branca de papel...

e, seguindo a fantasia, alguns detalhes:

a infalível chaminé com a fumacinha

subindo até as nuvens do céu.

Era esse o nosso referencial de paz

que hoje, o grande edifício não traz.

Era esse o viver na Terra em segurança

ainda que fosse utopia...

E às vezes nesse telhado havia

um gato fugido da casa vizinha

ou um ninho de pombos instalado

sem que a gente percebesse.

E, se acaso alguém se aventurasse

a subir pra melhor ver a paisagem

ou sentir-se importante...

quanta coisa descobria encima do telhado...

quase um mundo perdido...

Bem, são reminiscências, pura anacronia,

neste mundo de tecnologia

em que dominam os edifícios...

a vida se verticalizando, a cada dia.

E, lendo tudo que escrevi

não quero fazer correção...nem rever.

Quero que esse poema seja quase improvisado

como um antigo telhado...

pra ele vai minha homenagem...

e uma imensa saudade...!

Mareluz
Enviado por Mareluz em 29/10/2022
Reeditado em 29/10/2022
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