Poema dos telhados
Hoje só quero poetizar
sobre telhados
que em uma bucólica paisagem
atraem-me mais do que tudo...
porque são eles os recortes
da beleza natural ao redor
falando-me de trabalho humano
quase improvisado, produzindo
o aconchego e a proteção
em diferentes momentos...
em épocas variadas...
aproximando-se um dos outros
com a simplicidade
de uma cálida amizade
e recontando histórias
quase imagináveis através do tempo...
São esses mesmos telhados
que eu desenhava em minha infância
em uma folha branca de papel...
e, seguindo a fantasia, alguns detalhes:
a infalível chaminé com a fumacinha
subindo até as nuvens do céu.
Era esse o nosso referencial de paz
que hoje, o grande edifício não traz.
Era esse o viver na Terra em segurança
ainda que fosse utopia...
E às vezes nesse telhado havia
um gato fugido da casa vizinha
ou um ninho de pombos instalado
sem que a gente percebesse.
E, se acaso alguém se aventurasse
a subir pra melhor ver a paisagem
ou sentir-se importante...
quanta coisa descobria encima do telhado...
quase um mundo perdido...
Bem, são reminiscências, pura anacronia,
neste mundo de tecnologia
em que dominam os edifícios...
a vida se verticalizando, a cada dia.
E, lendo tudo que escrevi
não quero fazer correção...nem rever.
Quero que esse poema seja quase improvisado
como um antigo telhado...
pra ele vai minha homenagem...
e uma imensa saudade...!